quarta-feira, 14 de setembro de 2011

[BH] Automóvel Clube


Por Rodrigo Ávila, um Turista Amador.

Há tempos, sendo um historiador da cidade, ansiava por visitar e tomar partido de um primoroso e elegante jantar no Automóvel Clube. Pensava que deveria ser uma noite de elegâncias múltiplas, que deveria ser vivida como moça de fina estirpe e com pompas e refinos. E foi.

Já sondava via palavras o dia do jantar. Laís e eu ensaiamos algumas idas e até visitamos o lugar em um dia com banda ao vivo - sensacional se tiver sorte - e um dia, um belo dia por assim dizer, resolvemos pós espetáculo do Grupo Corpo, no Palácio das Artes, continuar a fantástica noite em uma mesa do Automóvel. Noite repetida pós Kirov com seu Lago dos Cisnes (perceba: noite de pompas - o leitor mais fraco de emoções sentiu inveja, o tranquilo planejou fazer algo parecido).

Logo na entrada uma desconfiança, pois estava tendo uma festa e ficou a dúvida: "será que o restaurante estava funcionando? E se sim, não atrapalharia o jantar?" Sim, o restaurante estava a funcionar e não, em hipótese alguma você percebe que logo abaixo pessoas se acabam ao sabor do uísque enquanto cambaleiam tortos como suas gravatas para lugar nenhum.

A decoração lembra os restaurantes Argentinos

Pois bem, chega-se de elevador! Um antiquíssimo elevador, anda-se em tapete vermelho e é recepcionado por um garçom que está ali há pelo menos 12 anos, o dono da casa. Na entrada um pessoal saía aflito dizendo: "que lugar vazio!!!", eram de alguma idade e pareciam frequentadores assíduos do lugar.

Mesas à vontade, escolhemos a nossa e recebemos o cardápio codificado, onde cada número tem o correspondente no gabarito atrás com o preço. Mas não se desespere, tem o genérico, juro, chamam o cardápio de genérico. Fomos logo atendidos e o garçom seria o responsável por toda a nossa noite, do confortável atendimento à feitura de uma massa flambada com ares de espetáculo mágico, pedido da Laís.


A decoração lembra em muito os restaurantes Argentinos, com muita pompa e finesse, além de aparadores e talheres de prata. No som - não era noite de música ao vivo - de bregas da década de 80 à música disco. Os preços são excelentes, a qualidade da comida boa, as bebidas em preço ok e o programa imperdível!

Um prato serve perfeitamente dois e já vem dividido, caso seja pedido. Não deixe de provar a famosa banana flambada, não provamos, mas tem fama. 


Finesse meus caros, finesse! Ponto negativo para a velhinha frequentadora de séculos (e séculos mesmo) que olhava com ares de reprovação essa classe média que agora janta onde quer. Engole essa tia! (E, por favor, de maneira distinta!).

Onde fica o Automóvel Clube de Minas Gerais:

Avenida Afonso Pena, 1394 - Centro
Tel.: (31) 3222.5416
Gasta-se alguns 110 reais sem dividir, uma massa e com uma garrafa pequena de vinho.

4 comentários:

Nídia disse...

Incrível os tempos mudam ,mas o estilo do julgamento ainda permanece, lembramos da época Feudal, onde os comerciantes, nos burgos for ados muros do Castelos se estabeleciam com expressão financeira, e se julgavam merecedores e dignos de frequentar os locais dos moradores reais dos castelos, mas a nobreza nao via isso com bons olhos, por orgulho de um local inatingivel pela plebe e vemos isso ainda se repetindo muiito, Viajei na Historia Hein,mas Classe Média somos nós que movemos o mundo, pra quebrar barreiras Voi a lá, rsrs!!!

Nídia disse...

Oi @Fashionistando mais uma vez a materia aqui no twitter,realmente um local supreendente , mas qdo der vou contar um pouco sobre a formação desse clube e tb do Centro de Shouffer de BH,apesar da minha pouca idade sou saudosista e ja ouvi muito de historia de minha familia que compõe um pouco tb história de BH.Parqabéns mais uma vez BJS!!!

Fabíola Paiva disse...

Oi Nídia! Quero saber suas histórias sim!!! Conte pra gente! :)
Beijos

Rodrigo Ávila disse...

Oi Nídia, é isso mesmo, a distância entre burguesia e plebe se mantém, ou tenta e é para quebrá-la que estamos aí! Eu visito os locais com naturalidade, pois no caso do Automóvel Clube por exemplo, se não formos, corre o risco de extinguir! Abraços!