quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Huis Clos

Crédito: Fabíola Paiva

Logo logo as fotos.

Fashionistando está vivo!

Sim sim sim! Ele voltou. Confesso que durante um tempo ele ficou quase que a mercê de traças e derivados. Mas agora voltei. As férias acabaram, a vida já está entrando nos eixos e eu volto a me interessar pelo meu blog.

Pra quem não sabe, estive no SPFW. No texto abaixo coloquei algumas impressões sobre as tendências apresentadas lá. Depois, espero ter tempo para escrever algumas impressões particulares sobre o evento. Afinal, foi minha primeira temporada de moda. Aprendi muita coisa, vi de tudo e adorei a experiência. Valeu muuuito a pena o esforço para conseguir os convites, tentar entrar nos lounges e para ganhar uma Melissa! (Consegui. Ufa! Mas graças a pessoas influentes).

Julho tem mais e ai, quem sabe, eu não consigo alimentar o blog, diariamente, com tudo de melhor que acontece lá. Ah, então faço votos também pra que consiga minha credencial. Eita povo difícil viu? Eu sou jornalista pô!

É isso. Que venham os posts.

Inverno Democrático


Na moda os déspotas não encontram mais cúmplices. A ordem agora é de autonomia e estilo próprio. Pelo menos foi isso que a edição inverno 2008 do SPFW defendeu. Veja o que foi apresentado por lá e viva a democracia.




Liberdade. Palavra originada do latim Libertate que significa, segundo o dicionário Aurélio, a faculdade de cada um se decidir ou agir de acordo com a própria determinação, ou seja, com autonomia. E foi isto que foi apresentado durante a 24ª edição do SPFW. Nas passarelas paulistas grandes estilistas mostraram um misto de tendências e propostas que expressaram esse livre-arbítrio e fizeram com que o maior evento de moda da América Latina perdesse a monotonia. Como? É que essa tal “libertate” contribui, de maneira relevante, para que o indivíduo consiga expressar suas particularidades, sua identidade. Assim, a moda deixa de ser autoritária e se torna cada vez mais democrática.


Foram 39 desfiles em apenas seis dias de evento. Uma maratona incansável na Bienal do Ibirapuera para jornalistas e fashionistas de todo o país. Porém, sem dúvidas, gratificante. As inspirações foram as mais diversas possíveis. Entre cowgirls, punk, gótico, street art, aristocracia inglesa e muitos outros temas, cada estilista conseguiu imprimir seu estilo em um turbilhão de boas idéias para este inverno. O resultado foi, na verdade, um grande espetáculo artístico, com direito até mesmo a um show de Adriana Calcanhoto, tocando um violoncelo, no desfile da Maria Bonita.


O tema do evento foi “Uma Babel para o século 21”, e nossos designers de moda conseguiram expressar exatamente isto. Em meio ao caos urbano em que vivemos, é importante parar e pensar na diversidade e no lugar de cada indivíduo na sociedade. Logo, foi possível ver nas passarelas diferentes propostas para uma mesma estação. Sugestões que agradam aos mais distintos gostos. Idéias bem divergentes umas das outras, mas que resultam nesta democracia: a liberdade de escolher aquilo que se encaixa no seu estilo.


Estampas e Texturas
A efemeridade da moda é um fato. Por isso as novidades são necessárias para o perfeito andamento desta indústria. Durante a edição inverno 2008 do SPFW foi possível ver que pesquisas inusitadas podem resultar em lindas peças de vestuário. Algumas conceituais, outras muito comerciais e nada caricatas, mas todas fundamentais para alimentar este anseio pelo novo, sempre presente no universo da moda.


Entre as tendências para a próxima temporada estão muitas estampas e texturas. Estampas gráficas e geométricas, como as usadas por André Lima, deixam o inverno um pouco mais colorido, além de causarem efeitos visuais fantásticos. A Iódice imprimiu em suas peças desenhos e formas inspiradas no grafismo presente nas grandes metrópoles e Fábia Bercsek utilizou da vida marinha e da natureza para desenvolver a estamparia e deixar seus vestidos mais glamurosos.


Em homenagem ao centenário da imigração japonesa, a estilista Érika Ikezili se inspirou na vida de Uto Bartira, a primeira nipônica a nascer no Brasil. A designer utilizou de diferentes estampas que refletem com precisão a pluralidade presente no tema escolhido. Poas, listras, folhagens, tucanos e desenhos que remetem ao Japão, todos misturados e aplicados em vestidos, saias e quimonos desconstruídos. Já a Neon fez com que selos, cavalos, tartarugas e flores enriquecessem mais ainda suas peças.


Mas, apesar de a estamparia ser algo freqüente, há varias estações, as texturas começam a chegar devagar e prometem reinar sobre elas. A Animale, por exemplo, fez jaquetas de couros texturizadas, trazendo inovação e contemporaneidade para a peça. O mineiro Ronaldo Fraga, que comemorou 25 anos de carreira com o desfile intitulado “A Fábrica de Tecidos”, foi outro que explorou as texturas provocadas por bordados e tecidos trabalhados. André Lima também abusou delas e a conseqüência foram vestidos mais femininos e ousados, ideais para uma mulher cosmopolita.


O xadrez é outra tendência forte para o inverno. A estampa, que no final do século 19 começou a ser utilizada pelos escoceses como forma de distinguir as famílias, esteve presente em diversas coleções. Grifes como Samuel Cirnansck, Do Estilista, Huis Clos e Simone Nunes souberam se apropriar dela de maneira singular. Samuel aplicou o xadrez em vestidos e corselets, além de criar saias-lápis (outra proposta chave para a estação) e peças com cintura bem marcada. A designer Simone se inspirou na estética Nerd, mas mesmo com o tema um pouco batido e nada chamativo, a coleção da estilista ficou um charme.








Crédito: Fernanda Calfat

Vestido texturizado de Ronaldo Fraga


Crédito: Fernanda Calfat


Look Xadrez de Samuel Cirnansck



Novidades e Tendências
Todo mundo acha o tricô a cara do inverno. Mas, pouca gente sabe que este material, tão tradicional, é cada vez menos artesanal. Hoje a sua produção envolve alta tecnologia, e são as máquinas modernas e computadorizadas que ajudam nossos estilistas a inovarem com as linhas. Desta forma, é possível criar pontos únicos que resultam em peças diferenciadas e com detalhes exclusivos. Amapô, Tereza Santos, Triton, Gisele Nasser e Maria Bonita souberam aproveitar esta matéria-prima com excelência. Assim, a novidade é a volta de pontos largos e texturas, que resultam em peças que não podem faltar no guarda-roupa das mais antenadas.



Crédito: Fernanda Calfat
Look Gisele Nasser. Tricô com pontos diferenciados e exclusivos, e saia com volume.


Crédito: Márcia Fasoli

Look Amapô. Vestido de tricô com gola volumosa e texturas. Detalhe para a polchete com franjas, elas remetem ao estilo country da estação.
Além de estampas, texturas e tricô, outras propostas prometem esquentar a estação. O preto volta com tudo e deixa de lado o cinza, que foi idolatrado no ano passado. A cintura continua subindo e subindo, principalmente em peças que remetem a década de 70, como as pantalonas. Saias e vestidos se mantém firmes, cada vez mais femininos, e em diferentes comprimentos. Nos acessórios, xáles e lenços prometem dar um toque especial na produção. O estilo country também aparece e chega em diferentes facetas: franjas, botas e muito couro. Anotou?