quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bem-vindos, novos designers!

Há pouco mais de um mês a Fumec lançou ao mercado novos talentos. Criadores com a mente aberta e a criatividade à flor da pele. Cheios de novas ideias e disposição para criar, recriar e lançar ao mercado produtos autorais. A 12ª edição do FUMEC Forma Moda aconteceu na Torre Alta Vila, em Belo Horizonte, e apresentou 40 trabalhos finais de graduação. Além dos tradicionais desfiles, os convidados também tiveram a chance de apreciar exposições em diversos formatos, como ensaios fotográficos, instalações cênicas e editoriais de moda.

 Priscilla Regis se inspirou na história de Davi e Golias
Crédito: Mariane Castro

Temas como a batalha entre o pequeno Davi e o gigante Golias foram destrinchados. A designer Priscilla Regis buscou nesta história bíblica a inspiração para desenvolver uma coleção masculina, que retrate um homem forte e vencedor. “Através das pesquisas que fiz, busquei elementos que pudessem caracterizar essa batalha, a relação entre o fraco e o forte”, explica Priscilla. Para desenvolver a coleção, a estilista optou por modelagens confortáveis e abusou de materiais experimentais, extrapolando o uso de artigos convencionais. Na passarela, linhos e cambraias apareceram ao lado de malhas metálicas.

Laís Oldoni desenvolveu sua coleção inspirada no filme “Blow Up”

Já Laís Oldoni optou por apresentar sua coleção no formato de editorial de moda e buscou sua inspiração no filme “Blow Up”. “Após assistir várias vezes ao filme e fazer um estudo aprofundado da obra e de seu diretor, Michelangelo Antonioni, achei importante dar ênfase a uma discussão sobre imagens”, explica a jovem designer. Laís chegou a conclusão de que “quando queremos ver mais, ampliando a imagem, acabamos vendo menos, pois esta fica distorcida”. A partir daí, ela buscou maneiras de deixar esta questão implícita nas peças criadas e na estampa desenvolvida. “A ideia também foi usada na apresentação do trabalho, exposição e catálogo, que criaram esta confusão do olhar”, finaliza. A modelagem e a produção das fotografias foram baseadas nos anos 60, época de produção do filme.

Flávia Virgínia desenvolveu uma coleção que pudesse escancarar o sentido da moda

Outro trabalho que merece destaque é a coleção desenvolvida pela estilista e artista plástica Flávia Virgínia. A artista, que trabalha com moda desde os 14 anos de idade, assina as coleções de sua marca autoral Virgínia Lotus e da grife Latifundio. Para seu trabalho de conclusão de curso, Flávia desenvolveu uma coleção que gerasse reflexão e pudesse escancarar o sentido da moda. “Entendo que a moda realmente nos permite comunicar, afetar e agregar conhecimento”, expõe. A ideia do tema Trans(posições) Poéticas (vídeo- editorial do processo de se escrever um livro ou elaborar uma coleção) surgiu a partir desta necessidade de desenvolver um trabalho que revelasse a importância e potência da moda na contemporaneidade. “Minha coleção vai em direção contrária da temática do mercado, no entanto reflete a importância de desenvolvermos peças mais autorais, exclusivas e menos tendenciosas”, explica. Desta forma, a estilista debate sobre a forma como as grandes empresas de moda atuam no mercado e vê na elaboração de coleções minuciosas uma fórmula de sobrevivência para a moda.

A vontade de criar uma coleção com novas experimentações de formas, estruturas, texturas e misturas de tecidos motivou a estilista Elaine Cristina a destrinchar o exuberante Jardim de Versailles. “Trabalharei com diferentes recortes no molde explorando novas proporções para que novos padrões fossem redefinidos”, explica. Já a designer Luiza Ferri escolheu pesquisar sobre o filme “O Livro de Cabeceira”, do diretor Peter Greenaway. O autor aguçou na estilista um questionamento sobre os três tipos de tecido: o tecido pele, o tecido texto e o tecido que utilizamos para nos vestir. “Meu ponto de partida para a criação das peças foi o corpo. Extrai dele a minha cartela de acromáticos que trabalha os nudes da pele, o branco do papel, e o preto do nanquim”, esclarece.

Coleção "O Livrocorpo”, de Luisa Ferri
Crédito: Naty Torres 

A coleção de Luiza, batizada como “O Livrocorpo”, é destinada mulheres que querem vestir mais que uma roupa, querem vestir uma história.  “Para criar as peças, eu dissequei os poemas da protagonista buscando a essência, palavras e termos que pudessem me oferecer formas e detalhes inspiradores para a coleção”, diz a estilista. A forma poética presente em seu trabalho confere um inusitado diferencial ao resultado final. Desde a mistura de materiais, até a forma e a estamparia. “Na estamparia busquei dar ritmo e textura para as peças sobrepondo as estampas de escrita. As formas e shapes foram exploradas a partir de referencias textuais dos poemas e a modelagem foi criada partindo de dobras de papéis”, finaliza Luiza Ferri.

Coleção "O Livrocorpo”, de Luisa Ferri
Crédito: Naty Torres 
 
Coleções complexas, inspiradoras e repletas de arte. É a moda caminhando para um novo sentido. 
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Esta matéria foi publicada no Mundo Ela.

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