Há pouco mais de um mês a Fumec lançou ao mercado novos talentos. Criadores com a mente aberta e a criatividade à flor da pele. Cheios de novas ideias e disposição para criar, recriar e lançar ao mercado produtos autorais. A 12ª edição do FUMEC Forma Moda aconteceu na Torre Alta Vila, em Belo Horizonte, e apresentou 40 trabalhos finais de graduação. Além dos tradicionais desfiles, os convidados também tiveram a chance de apreciar exposições em diversos formatos, como ensaios fotográficos, instalações cênicas e editoriais de moda.
Temas como a batalha entre o pequeno Davi e o gigante Golias foram destrinchados. A designer Priscilla Regis buscou nesta história bíblica a inspiração para desenvolver uma coleção masculina, que retrate um homem forte e vencedor. “Através das pesquisas que fiz, busquei elementos que pudessem caracterizar essa batalha, a relação entre o fraco e o forte”, explica Priscilla. Para desenvolver a coleção, a estilista optou por modelagens confortáveis e abusou de materiais experimentais, extrapolando o uso de artigos convencionais. Na passarela, linhos e cambraias apareceram ao lado de malhas metálicas.
Já Laís Oldoni optou por apresentar sua coleção no formato de editorial de moda e buscou sua inspiração no filme “Blow Up”. “Após assistir várias vezes ao filme e fazer um estudo aprofundado da obra e de seu diretor, Michelangelo Antonioni, achei importante dar ênfase a uma discussão sobre imagens”, explica a jovem designer. Laís chegou a conclusão de que “quando queremos ver mais, ampliando a imagem, acabamos vendo menos, pois esta fica distorcida”. A partir daí, ela buscou maneiras de deixar esta questão implícita nas peças criadas e na estampa desenvolvida. “A ideia também foi usada na apresentação do trabalho, exposição e catálogo, que criaram esta confusão do olhar”, finaliza. A modelagem e a produção das fotografias foram baseadas nos anos 60, época de produção do filme.
Outro trabalho que merece destaque é a coleção desenvolvida pela estilista e artista plástica Flávia Virgínia. A artista, que trabalha com moda desde os 14 anos de idade, assina as coleções de sua marca autoral Virgínia Lotus e da grife Latifundio. Para seu trabalho de conclusão de curso, Flávia desenvolveu uma coleção que gerasse reflexão e pudesse escancarar o sentido da moda. “Entendo que a moda realmente nos permite comunicar, afetar e agregar conhecimento”, expõe. A ideia do tema Trans(posições) Poéticas (vídeo- editorial do processo de se escrever um livro ou elaborar uma coleção) surgiu a partir desta necessidade de desenvolver um trabalho que revelasse a importância e potência da moda na contemporaneidade. “Minha coleção vai em direção contrária da temática do mercado, no entanto reflete a importância de desenvolvermos peças mais autorais, exclusivas e menos tendenciosas”, explica. Desta forma, a estilista debate sobre a forma como as grandes empresas de moda atuam no mercado e vê na elaboração de coleções minuciosas uma fórmula de sobrevivência para a moda.
A vontade de criar uma coleção com novas experimentações de formas, estruturas, texturas e misturas de tecidos motivou a estilista Elaine Cristina a destrinchar o exuberante Jardim de Versailles. “Trabalharei com diferentes recortes no molde explorando novas proporções para que novos padrões fossem redefinidos”, explica. Já a designer Luiza Ferri escolheu pesquisar sobre o filme “O Livro de Cabeceira”, do diretor Peter Greenaway. O autor aguçou na estilista um questionamento sobre os três tipos de tecido: o tecido pele, o tecido texto e o tecido que utilizamos para nos vestir. “Meu ponto de partida para a criação das peças foi o corpo. Extrai dele a minha cartela de acromáticos que trabalha os nudes da pele, o branco do papel, e o preto do nanquim”, esclarece.
A coleção de Luiza, batizada como “O Livrocorpo”, é destinada mulheres que querem vestir mais que uma roupa, querem vestir uma história. “Para criar as peças, eu dissequei os poemas da protagonista buscando a essência, palavras e termos que pudessem me oferecer formas e detalhes inspiradores para a coleção”, diz a estilista. A forma poética presente em seu trabalho confere um inusitado diferencial ao resultado final. Desde a mistura de materiais, até a forma e a estamparia. “Na estamparia busquei dar ritmo e textura para as peças sobrepondo as estampas de escrita. As formas e shapes foram exploradas a partir de referencias textuais dos poemas e a modelagem foi criada partindo de dobras de papéis”, finaliza Luiza Ferri.
Coleções complexas, inspiradoras e repletas de arte. É a moda caminhando para um novo sentido.
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Priscilla Regis se inspirou na história de Davi e Golias
Crédito: Mariane Castro
Laís Oldoni desenvolveu sua coleção inspirada no filme “Blow Up”
Já Laís Oldoni optou por apresentar sua coleção no formato de editorial de moda e buscou sua inspiração no filme “Blow Up”. “Após assistir várias vezes ao filme e fazer um estudo aprofundado da obra e de seu diretor, Michelangelo Antonioni, achei importante dar ênfase a uma discussão sobre imagens”, explica a jovem designer. Laís chegou a conclusão de que “quando queremos ver mais, ampliando a imagem, acabamos vendo menos, pois esta fica distorcida”. A partir daí, ela buscou maneiras de deixar esta questão implícita nas peças criadas e na estampa desenvolvida. “A ideia também foi usada na apresentação do trabalho, exposição e catálogo, que criaram esta confusão do olhar”, finaliza. A modelagem e a produção das fotografias foram baseadas nos anos 60, época de produção do filme.
Flávia Virgínia desenvolveu uma coleção que pudesse escancarar o sentido da moda
Outro trabalho que merece destaque é a coleção desenvolvida pela estilista e artista plástica Flávia Virgínia. A artista, que trabalha com moda desde os 14 anos de idade, assina as coleções de sua marca autoral Virgínia Lotus e da grife Latifundio. Para seu trabalho de conclusão de curso, Flávia desenvolveu uma coleção que gerasse reflexão e pudesse escancarar o sentido da moda. “Entendo que a moda realmente nos permite comunicar, afetar e agregar conhecimento”, expõe. A ideia do tema Trans(posições) Poéticas (vídeo- editorial do processo de se escrever um livro ou elaborar uma coleção) surgiu a partir desta necessidade de desenvolver um trabalho que revelasse a importância e potência da moda na contemporaneidade. “Minha coleção vai em direção contrária da temática do mercado, no entanto reflete a importância de desenvolvermos peças mais autorais, exclusivas e menos tendenciosas”, explica. Desta forma, a estilista debate sobre a forma como as grandes empresas de moda atuam no mercado e vê na elaboração de coleções minuciosas uma fórmula de sobrevivência para a moda.
A vontade de criar uma coleção com novas experimentações de formas, estruturas, texturas e misturas de tecidos motivou a estilista Elaine Cristina a destrinchar o exuberante Jardim de Versailles. “Trabalharei com diferentes recortes no molde explorando novas proporções para que novos padrões fossem redefinidos”, explica. Já a designer Luiza Ferri escolheu pesquisar sobre o filme “O Livro de Cabeceira”, do diretor Peter Greenaway. O autor aguçou na estilista um questionamento sobre os três tipos de tecido: o tecido pele, o tecido texto e o tecido que utilizamos para nos vestir. “Meu ponto de partida para a criação das peças foi o corpo. Extrai dele a minha cartela de acromáticos que trabalha os nudes da pele, o branco do papel, e o preto do nanquim”, esclarece.
Coleção "O Livrocorpo”, de Luisa Ferri
Crédito: Naty Torres
A coleção de Luiza, batizada como “O Livrocorpo”, é destinada mulheres que querem vestir mais que uma roupa, querem vestir uma história. “Para criar as peças, eu dissequei os poemas da protagonista buscando a essência, palavras e termos que pudessem me oferecer formas e detalhes inspiradores para a coleção”, diz a estilista. A forma poética presente em seu trabalho confere um inusitado diferencial ao resultado final. Desde a mistura de materiais, até a forma e a estamparia. “Na estamparia busquei dar ritmo e textura para as peças sobrepondo as estampas de escrita. As formas e shapes foram exploradas a partir de referencias textuais dos poemas e a modelagem foi criada partindo de dobras de papéis”, finaliza Luiza Ferri.
Coleção "O Livrocorpo”, de Luisa Ferri
Crédito: Naty Torres
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