terça-feira, 2 de outubro de 2007

A moda agora é a sustentabilidade (literalmente)

Guarda-chuva, pára-quedas, fita cassete. Estes foram alguns dos materiais usados pelos novos e criativos designers durante o evento “Minas lança Novos Criadores” que, este ano, teve como o tema a reciclagem. A platéia e os jurados foram surpreendidos. Para quem esperava ver garrafas e mais garrafas pets, latinhas, papel e vidro na passarela, se deparar com um vestido balonê de negativos de fotografias ou um tubinho de serragem de madeira, foi uma boa e agradável surpresa.

Assim aconteceu a 6ª edição do evento, no dia 19 de outubro. Os participantes foram os estilistas que já tinham vencido o concurso nas edições anteriores – Luiz Cláudio, Maria Flávia de Castro, as duplas Rodrigo Moura e Andréa Asi, Cídio Randolfo e Lívia Maria e Lorena e Laura Andrade, além da estudante de moda da Universidade Fumec, Teresa Campos, escolhida pela curadoria do concurso. Eles tinham a missão de produzir três looks, sendo que um foi para a passarela e o outro ficou exposto no shopping.


Neste ano, o evento se destacou e foi importante por dois fatores. Primeiro porque colocou em pauta a questão da sustentabilidade. Ele demonstrou para a população mineira que tudo pode ser reaproveitável e que devemos nos conscientizar e cuidar do nosso planeta. Desta forma, a complexidade da moda foi revelada e outros caminhos para ela puderam ser vistos. Além disto, pode mostrar, mais uma vez, que Minas Gerais é sim um celeiro de grandes criadores. Mostrou que aqui tem gente disposta a aceitar desafios e com criatividade de sobra.


De acordo com Zoka Vassalo, idealizadora e coordenadora do evento, este concurso é importante porque quebra grandes barreiras para quem tem a oportunidade de participar. Como sabemos, entrar no mercado da moda é algo muito caro e complicado, produzir um desfile é uma tarefa muito difícil e nem sempre os novos criadores tem essa chance. O evento oferece aos novos designers esta oportunidade de mostrar o seu trabalho e de ser reconhecido pro profissionais do meio. “Ele faz Minas conhecer seus talentos e saber cada vez mais, que somos um celeiro de criadores esperando uma oportunidade de se mostrar”, destaca.


Para Luiz Cláudio, estilista que venceu o concurso em 2004, o evento é importante porque permite que o novo designer entenda um pouco mais do universo de grandes desfiles. Além disso, é uma chance de mostrar o seu trabalho para a imprensa mineira, pois só assim grandes empresas podem ter a oportunidade de ver o seu talento. Neste ano, ele se inspirou em dois filmes, sendo que os looks da exposição tiveram como base o filme Noivo neurótico, noiva nervosa e o do desfile o clássico Cantando na chuva. “Minhas idéias começaram quando achei um vestido de noiva num lixo próximo de casa. Depois, na casa da minha mãe, ela estava jogando fora uma camisa do meu pai que estava manchada e puída. Segundo ela, não dava nem pra doar. Então fui percebendo que lixo vai mais além de resto de comida ou embalagens de supermercados”, conta.


Assim, na produção dos looks ele usou um pouco de tudo, tampinhas, embalagens de biscoitos e claro, roupa velha. O resultado foi um vestido conceitual e charmoso, feito da desconstrução de vários guarda-chuvas, que foi desfilado e na exposição um vestido feito em camadas e construído com pedaços e restos de camisas masculinas e um casaco 7/8 com uma saia origami construído a partir de um vestido de noiva.


A dupla Lorena e Laura Andrade, que venceram o concurso e ganharam uma viagem para Paris, também acreditam muito na visibilidade proporcionada pelo evento. A dupla destaca que, através dele, portas foram abertas e novos convites surgiram para outros desfiles e eventos. Lorena e Laura consideraram o concurso deste ano um grande desafio, mas que pode provocar uma nova e positiva discussão sobre os caminhos que a moda pode tomar e a sua importância na construção de uma nova atitude para contribuir com o desenvolvimento do mundo. “O tema abordado promove um exercício de reflexão e questionamento quanto a uma nova ordem de valores no mundo fashion. O evento pode ser uma importante plataforma na promoção de consciência ecológica”, declaram.

Elas criaram uma coleção inspirada nas lembranças. Fitas cassetes, balões e negativos de fotografias serviram de matéria-prima. “A intenção, portanto, é articular novos sentidos a partir de justaposições de sensações, sons e momentos vivenciados. A vontade é relembrar, reinventar e reciclar lembranças”, apontam. O vestido vencedor foi um balonê coberto com os negativos, uma das intenções ao criar a peça, foi a de recuperar algo que parece irremediavelmente perdido. Na exposição, havia um vestido coberto por balões que, segundo as estilistas, podem ser encarados como “ecomaterial textural”, quando sobrepostos em camadas sobre vestido de shape feminino. O terceiro look era um vestido que utilizava fitas cassetes, uma tecnologia já ultrapassada, mas que gerou um belo resultado. A fita foi entrelaçada com restos de fitas de cetim e tricotadas em uma trama que, para as designers, foi carregada de poesia e emoção.

crédito: Fábio Ortolan

O Look vencedor de Lorena e Laura Andrade

crédito: Fábio Ortolan

Look de Luiz Cláudio

3 comentários:

lana disse...

FABIOLA,
ADOREI A MATERIA .
PARABENS MAIS UMA VEZ
LANA

andré metz disse...

legal a materia
gostei da idéia de aproveitar materiais como negativo de fotos na confecção de roupas...
o planeta agradece...
Lila

sala do apartamento disse...

Ei Fabiola,
Amei a materia e obrigado pela força...
o convite do café esta de pé...
beijos,
Luiz Claudio